Não encontrei a
camiseta listrada, as traças se prenderam nela. Elas se amarram em
listras. Vivem à margem e a espreita.
São muito cultas e tímidas, não gostam de luzes fugazes. A vida delas é breve,
então para que tantas luzes?
Embora elas amem
as palavras, as devoram, como umas
"alfacinhas" , qual lisboetas da Alfama.
As pessoas só se
ocupam delas quando encontram caminhos indesejáveis e "buracos negros
" naquele livro tão precioso. Viva os e-books e notebooks ! ? Existem
formigas que apreciam o "tempero " dos conduítes e chips.
Quanto aos meus
bolsos...
Há muito tempo
que elas comeram o fundo dos meus bolsos. Bom, eu nunca tive fundos para
depositar, mesmo no raso dos bolsilhos.
Famintas essas
leitoras de Flaubert, as vezes flertando com Dostoievsky.Elas não recusam as
saborosas letras imortais.Gostavam de nanquim agora qualquer tinta fast-food
made in China está servindo.
Naftalina!? Não! Sou
contra toda forma de genocídio,não mato uma mosca,quanto mais uma
aplicada traça burocrata. Ela só quer um papel,um pano ou uma célula morta,Não
é muito.
Até a visita da
lagartixa. Agora os passos, os traços da traça estão mudos. Nenhum mistério
novo na página do romance, nenhum caminho de ausências nos panos e nos papéis.
A fome ficou ágrafa.
A lagartixa fica
ali, com sua presença verde mas quando precisa e lhe apetece fica da cor da
parede,principalmente quando namora,mas na maior parte do tempo,fica lá no
teto,muda, lagarteando perto da lâmpada dando uma de "João Sem-
Braço" para comer uma incauta mariposa.Olha para baixo curiosa com as
humanas insanidades do escrivinhador, agora sem suas fiéis leitoras, as traças,
assassinadas pela sanha insaciável da nova moradora, a qual não lê mas filosofa
num estilo... meio zen... meio
existencialista,uma observadora do cotidiano...
Wilson Roberto Nogueira Jr
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